sábado, 15 de janeiro de 2011

Não me peçam razões

Não me peçam razões, que não as tenho,
Ou darei quantas queiram: bem sabemos
Que razões são palavras, todas nascem
Da mansa hipocrisia que aprendemos.

Nâo me peçam razões por que se entenda
A força da maré que me enche o peito,
Este estar mal no mundo e nesta lei;
Não fiz a lei e o mundo não aceito.

Não me peçam razões, ou que as desculpe,
Deste modo de amar e destruir;
Quando a noite é de mais é que amanhece
A cor de primavera que há-de vir.

José Saramago

3 comentários:

  1. Razões para quê? Para não votar no Cavaco?....

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  2. AMANHÃ... A palavra que o coração de pintou de verde.
    Mas como posso eu falar do arco-íris a quem possui uma paleta de cores e o engenho e a arte de as combinar?!

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  3. Olá amigo Rui...Um poema instigante este que nos apresenta...Muito bom! Sabes que gosto de brincar com as palavras e resolvi deixar lhe um....Abraços!!!

    Razões perdidas

    Perdi-as faz tempo,
    Nem sei mais onde procurar.
    Vivo da ilusão do momento,
    Mas pego-as de volta quando achar.

    Talvez tenha me descuidado,
    Com essa capacidade de concluir.
    Será que a esqueci no passado?
    Ou a fiz deixar de existir.

    Bem sei que dela às vezes preciso,
    Mas a emoção tomou conta de mim.
    Invadiu-me sem nenhum aviso,
    E a razão por hora teve fim...
    Lucia Liz

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