segunda-feira, 25 de julho de 2011

Nem Sempre

Nem sempre sou igual no que digo e escrevo.
Mudo, mas não mudo muito.
A cor das flores não é a mesma ao sol
De que quando uma nuvem passa
Ou quando entra a noite
E as flores são cor da sombra.

Mas quem olha bem vê que são as mesmas flores.
Por isso quando pareço não concordar comigo.
Reparem bem em mim:
Se estava virado para a direita,
Voltei-me agora para a esquerda,
Mas sou sempre eu, assente sobre os mesmos pés -
O mesmo sempre, graças ao céu e à terra
E aos meus olhos e ouvidos atentos
E à minha clara simplicidade de alma...

(Fernando Pessoa)

3 comentários:

  1. Começa-se a ler e vê-se logo que é Alberto Caeiro heterónimo de Fernando Pessoa, o mestre de todos!
    Gosto muito de toda a poesia pessoana!

    Abraço

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  2. F. Pessoa sempre igual a si próprio. Belíssimo - como só ele era capaz.

    Muito boa escolha. Beijinhos

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  3. Olá

    Lindo texto de Pessoa.
    Sou sua fõ confessa....
    Obrigada pela visita ao blog.
    Venha sempre que quiser...
    Boa semana.

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